26 de dez. de 2011

A Música clássica vem conquistando ouvintes!


Duzentos anos atrás, nasceu Frédéric Chopin. Conhecido com um dos maiores compositores para piano da história, ele é um dos vários aniversariantes de 2010. Outros deles são o americano Barber, que se estivesse vivo faria 100 anos, e o compositor Mahler, que completaria 150. As datas são uma forma de atrair a atenção e lembrar da importância da música erudita. Ao contrário do que parece, o gênero tem um público cativo e uma importância constante com o passar dos anos.

O maestro titular da Orquestra Sinfônica do Paraná, Alessandro Sangiorgi, explica que a música que chamamos de erudita se desenvolveu a partir de manifestações quase espontâneas, populares, há centenas de anos atrás. Somente mais tarde foi criando uma linguagem própria e se diferenciando da música que chamamos de popular.
Sangiorgi ressalta que a música tem uma vantagem em relação às outras formas de arte, porque é absorvida involuntariamente, pelos ouvidos. Isso é um fator importante, pois produz um acesso mais fácil comparado com a pintura, em que é preciso se concentrar para compreender a obra. Mas a música erudita nem sempre consegue aproveitar essa vantagem. Isso porque, ao longo do tempo, surgiu um mito de que a música clássica é só para a elite.


Ao contrário desse pensamento, no entanto, o diretor artístico da Orquestra Filarmônica da Universidade Federal do Paraná, Harry Crowl, afirma que a abertura oficial da temporada deste ano, na Reitoria, bateu todos os recordes e superou a capacidade máxima do Teatro. O público, diverso daquele que costuma assistir as apresentações, era de cerca de mil pessoas. O regente da Orquestra Filarmônica da UFPR, Márcio Steuernagel, conta que o público da abertura da temporada era formado por universitários e muitas pessoas curiosas. “Quem trabalha com música clássica sabe que essa percepção generalizada de que ela é para um público restrito não encontra eco”, afirma.

O maestro Sangiorgi acredita que não há motivo para as pessoas terem “medo” da música clássica. “Essa concepção de que é música para rico foi causada porque a música erudita não era de fato, de acesso a todos”, diz. Ele mesmo, que hoje é diplomado em piano no Conservatório de Milão, conta que seus pais fizeram um financiamento para comprar o seu primeiro piano. Com o pós-guerra, porém, por volta dos anos 1960, houve boom econômico, que levou à formação de uma geração diferente. A educação ficou mais democrática e o acesso a arte também.


Uma questão de familiaridade
Mas será que qualquer pessoa é capaz de compreender e apreciar a música erudita? A professora da Faculdade Internacional de Curitiba Bernadete Zagonel afirma que assim como qualquer pessoa aprende a ler e escrever, pode também compreender e apreciar a música clássica. Para ela, o problema não está na música e sim no acesso, já que dificilmente toca nas rádios ou na TV. "É preciso dar a oportunidade do acesso às pessoas para que elas se familiarizem com a linguagem da música erudita".

Foi o que a professora comprovou na sua experiência com crianças que moram na periferia. “Não tem segredo: é ouvir, apreciar e gostar. É uma questão de familiaridade”. Fazendo uma comparação, a professora pergunta por que o Brasil se destaca no futebol e tem grandes talentos nessa área. “Quase em todas as esquinas tem um campinho de futebol e entre tantos jogadores é óbvio que alguns se sobressaiam”, ela responde.

Apesar disso, algumas pessoas criam familiaridade coma musica erudita. E não é preciso ser nenhum estudioso da área. A estudante do curso de Nutrição Luíza Rasera, de 18 anos, diz que o estilo de música é antigo, mas agrada, acalma, e a qualidade da música é muito boa. A decoradora de interiores Nelci de Fátima Gusso, de 35 anos, diz ter adoração pela música. ”É uma pena as pessoas não terem a consciência de ouvir e conhecer mais, tanto sobre os músicos como a música”.

Para o maestro Sangiorgi, a forma para se apreciar a música clássica é a educação. "A educação é a chave para conhecer. Não é preciso gostar. Cada pessoa vai gostar do que quiser, o importante é conhecer”, afirma. O maestro conta que todos os anos a Orquestra visita algum lugar do interior, onde nunca esteve. Assim, dão oportunidade às pessoas para apreciarem a música erudita, pois o som ao vivo é diferente. "A resposta que a Orquestra tem recebido é satisfatória e o público é muito aberto e receptivo. É só dar ao povo a possibilidade de se aproximar”, frisa.


Música na escola
Na Grécia, as quatro disciplinas principais eram matemática, língua, ginástica e música. Todas tinham o mesmo grau de importância. O proprio maestro citou estudo que dizem que aprender musica ajuda a desenvolver diversos aspectos da pessoa, além de melhorar a capacidade de concentração e promover inserção social.

Por esses e outros motivos, a partir do próximo ano será obrigatório o ensino de música no currículo das escolas do Brasil. O maestro acredita que a medida será um fator relevante para tirar o "medo" que a população tem em relação à música. "Se o cidadão souber apreciar a música, poderá também exigir o acesso a ela", conclui.
fonte:  http://www.jornalcomunicacao.ufpr.br/node/9009

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