A música da Idade da Pedra
New York Times
Há pelo menos 35 mil anos, em plena Idade do Gelo, o som da música preenchia uma gruta localizada na atual Alemanha, na mesma época e lugar em que os Homo sapiens estavam esculpindo os mais antigos objetos conhecidos da arte figurativa do mundo.
Música e escultura - expressões de criatividade artística - emergiram entre os primeiros humanos modernos tão logo eles começaram a se espalhar pela Europa ou logo depois disso.
Arqueólogos anunciaram em 2009 a descoberta, de uma flauta feita de osso e de outros dois fragmentos de flautas de marfim datadas de pelo menos 35 mil anos, em plena idade do gelo, que, segundo eles, representam as mais antigas provas do florescimento da música na cultura da Idade da Pedra.
A flauta, com cinco furos para tocar, foi encontrada na gruta Hohle Fels, em Ulm, e, segundo os especialistas é, "de longe, o mais completo instrumento musical retirado das grutas" da região, onde, nos últimos anos, foram achados vários fragmentos de flauta.
Os mais antigos indícios concretos de instrumentos musicais conhecidos até então tinham sido achados na França e na Alemanha e datados em cerca de 30 mil anos.
Em estudo publicado na "Nature", Nicholas J. Conard, da Universidade de Tübingen, na Alemanha, escreveu:
"Essas descobertas demonstram a presença bem estabelecida de tradição musical na época em que o homem moderno colonizou a Europa."
Embora as datações por radiocarbono acima dos 30 mil anos possam ser imprecisas, amostras dos ossos e
de materiais associados foram testados de forma independente em dois laboratórios, no Reino Unido e na
Alemanha, com métodos diferentes. Cientistas afirmaram que as datas coincidem e que a flauta tem pelo
menos 35 mil anos.
Muitas pessoas viviam e trabalhavam na região há 40 mil anos, logo depois da chegada dos primeiros colonizadores da Europa, e 10 mil anos antes dos nativos neandertais serem extintos.
Linhas e símbolos em forma de V foram encravados perto dos furos. A outra extremidade teria se quebrado. Pelo tamanho dos ossos dos abutres, os especialistas estimam que estejam faltando de 5 a 7 centímetros do instrumento.
A flauta encontrada é feita com osso de abutre - ave comum na região. A parte preservada tem cerca de 20
centímetros e inclui o fim do instrumento, por onde o som flui.
Já havia sido descoberto, em 2004, um fragmento de 17 centímetros de uma flauta de marfim com
três orifícios, na gruta Geissenklösterle, perto de Ulm.
Friedrich Seeberger, um especialista em música antiga, fez uma réplica em madeira da flauta de marfim. Ele descobriu que o antigo instrumento produzia uma variedade de notas significativas, comparável à
das modernas flautas.
Uma réplica da nova flauta descoberta ainda não foi feita, mas os arqueólogos acreditam que o instrumento,
com cinco orifícios e maior em diâmetro "ofereça um som comparável, ou talvez melhor, com variedade de notas e possibilidades musicais".
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