5 de mar. de 2012

Seda de aranha é usada para fazer cordas de violino





Redação do DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR
05/03/2012




Aranhas podem, em breve, te deixar arrepiado, mas por um bom motivo. Isso porque os fios de sua seda têm sido usados para fazer cordas de violino que têm um som único e emocionante, graças, talvez, à maneira como os fios se deformam quando torcidos. É o que mostra reportagem publicada no site da “New Scientist“.

Shigeyoshi Osaki, da Nara Medical University, no Japão, estudou as propriedades da seda da aranha por 35 anos. Na década passada, ele focou em tentar transformar a seda em cordas de violino, e até mesmo teve aulas sobre o que é exigido de uma corda em termos de força e elasticidade.

Osaki aprendeu como persuadir as aranhas da espécie Nephila maculata a produzir longas linhas de reboque, a forma mais forte de seda. Ele juntou filamentos e os torceu, e depois torceu três desses conjuntos para fazer cada fio. O mais grosso deles, o fio G, continha 15 mil filamentos.

As cordas acabaram ficando firmes e bem unidas. A solução parece ser que os filamentos individuais mudaram de formato quando torcidos: um microscópio eletrônico mostrou que suas seções transversais circulares se transformaram em polígonos, que se uniram mais firmes do que cordas cilíndricas. Isso se mostrou uma surpresa.

"Que eu saiba, ninguém observou uma mudança assim de seção transversal. Eu duvidei dos meus resultados experimentais", diz Osaki.

A teia de aranha deve ser deformada pelo processo de torção.

"O material é um pouco mole, como torcer plasticina", diz a física e violinista Katherine Selby, da Cornell University, Nova York.

Osaki testou as novas cordas comparando sua performance com três materiais comumente utilizados: náilon, aço e tripa. Ele diz que a seda da aranha tem timbre único e brilhante, ou qualidade de tom.

O timbre parece resultar de uma diferença em como os harmônicos, múltiplos de frequência da nota principal - reverberam nas cordas de seda de aranha em comparação com outros materiais. A corda originária da aranha tem harmônicos altos fortes, enquanto o náilon e o aço tendem a ser mais fortes em harmônicos baixos. Osaki ainda não sabe quais propriedades mecânicas levam a esta performance acústica.

Katherine Selby se diz impressionada: "O que as pessoas esperam das cordas naturais de tripa tem uma certa complexidade. Cordas de aranha também têm este som brilhante", muito mais que a tripa até. É impressionante quando você lembra que estas cordas são um protótipo, vindos de um laboratório científico de materais, sendo comparadas com cordas comerciais aperfeiçoadas há anos.

Selby ressalta que a alta resistência da seda de aranha pode dar a ela outra vantagem:

"Você pode ter um fio mais fino para desempenhar o mesmo papel, que seria um pouco mais flexível e responsivo", alcançaria uma nota mais rápido.

O material pode ser especialmente adequado para cordas finas E, que são muito frágeis quando feitas de tripa.

O preço será muito alto para a maioria do violinistas, em qualquer caso, mas Osaki agora está tentando descobrir uma forma de produzir as cordas em grande número. A pesquisa foi publicada na revista científica “Physical Review Letters”.

Da Agência O Globo

 
O investigador japonês Shigeuoshi Osaki utilizou milhares de fios de seda de aranha para criar um conjunto de cordas para violino. Estas têm, diz o próprio, um timbre mais “suave e profundo” do que as tradicionais.
Estas características podem ter a ver com a forma como os fios são torcidos, da qual resulta uma “estrutura de empacotamento” que não deixa praticamente espaço entre os fios. As cordas serão descritas na próxima edição da «Physical Review Letters».

Osaki, investigador na Universidade de Medicina de Nara, Japão, estuda há vários anos as propriedades mecânicas deste tipo de seda. Estudou o fio pelo qual as aranhas se sustêm, quantificando a sua força, num estudo publicado em 2007, no «Polymer Journal».
O investigador aperfeiçoou métodos para a obtenção de grandes quantidades deste fio, criando aranhas em cativeiro. Agora, voltou a atenção para as aplicações do material.
Os instrumentos de corda friccionada, como o violino, têm sido objeto de muitos estudos científicos. No entanto, há ainda pormenores dos instrumentos por esclarecer. Isto porque a maior parte dos intérpretes interessa-se mais pelo propriedades do corpo, do que das cordas ou do arco.
Para obter estas cordas únicas, Osaki utilizou 300 aranhas fêmeas da espécie Nephila maculata. Para cada corda, foram torcidos numa mesma direção entre 3000 e 5000 fios individualmente, até formarem vários grupos. As cordas foram depois preparadas entrelaçando três desses grupos.

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